A colheita de tudo o que você plantou
O cortejo fúnebre do que matou
As consequências de seus próprios atos e palavras
Ditas, gritadas, silenciadas, moídas entre os dentes
O futuro que você planejou
As tempestades que semeou chegando feito tormenta a sua janela
Não há nada aqui
Apenas aquilo que você mesmo quis
Apenas as mentiras que sussurrou, apenas as ilusões que
vendeu
O solo morto onde já floriram rosas
Apenas as palavras que não diz
Apenas tudo aquilo que perdeu
Você foi alertado, avisado, reavisado
Não diga que tudo é súbito e inesperado
A paciência que descia lenta e silenciosa pela ampulheta do
tempo
Esvaiu-se de só uma vez
E você, vendo tudo de seu trono esfarrapado de desculpas,
exasperado
Nada fez
Não há nada aqui
Apenas aquilo que você mesmo quis
Apenas as mentiras que sussurrou, apenas as ilusões que
vendeu
O solo morto onde já floriram rosas
Apenas as palavras que não diz
Apenas tudo aquilo que perdeu
É o que você sempre faz, fez, fará
O que repete de novo e de novo
Uma criança que não aprende, não importa quantas vidas lhe
forem dadas
Novas chances não farão você mudar
Novas lições não farão você aprender
E o lugar na frente do quadro negro sempre terá
Mulheres cansadas, caladas, mal amadas
Um lugar onde não quero mais viver
Um lugar onde não quero mais viver
Me alforrio dessas correntes
Me livro desse karma
Me desfaço dessas dores
Enterro esse cavalo
Crio asas e voo pra longe.